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Portugal falar em reparação ao Brasil é fruto de 'séculos de cobrança', diz ministra da Igualdade Racial

Anielle Franco ressaltou que declaração aconteceu uma semana após de cobrança de sociedade civil em fórum da ONU, na Suíça.

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Foto: G1 - Globo
Anielle Franco ressaltou que declaração aconteceu uma semana após de cobrança de sociedade civil em fórum da ONU, na Suíça. Ministra se colocou à disposição do governo português para o diálogo. Portugal admitir reparação ao Brasil é 'salto no debate', diz ministra da igualdade racial

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse ao g1 que a fala do presidente de Portugal, que assumiu que o país foi responsável por uma série de crimes contra escravos e indígenas no Brasil na era colonial, é "fruto de séculos de cobrança da população negra" e dá "salto do debate e da importância [do assunto]".

"Essa é uma luta importante para o Brasil e também mundialmente falando", afirmou Anielle.

A ministra ressalta que esta declaração aconteceu uma semana depois que movimentos de mulheres negras cobraram publicamente Portugal no 3º Fórum Permanente para Pessoas Afrodescendentes das Nações Unidas, que aconteceu na Suíça.

No fórum, organizações como o Instituto Marielle Franco, o Odara - Instituto da Mulher Negra e as Redes da Maré pediram um compromisso público de Portugal com a adoção destas medidas. Os grupos também propuseram medidas efetivas de combate à xenofobia e ao racismo contra a população negra de Portugal, e a inclusão no currículo oficial da rede de ensino português o impacto do colonialismo no contexto brasileiro.

Anielle contou que o ministério fez contato com o governo português para se colocar à disposição de como pode ajudar a elaborar ações a serem tomadas.

A ministra contou que, desde o ano passado, tem dialogado com outros atores, como o Banco do Brasil, em como pensar em medidas de igualdade racial, como:

crédito para auxiliar na manutenção dos estudos;

cartões voltados para pessoas afroempreendedoras;

espaços de memória como o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro.

'Temos que pagar os custos', diz presidente de Portugal

Em conversa na noite de terça-feira (23) com correspondentes estrangeiros, Rebelo de Sousa disse que sugeriu a seu governo fazer reparações pela escravidão e afirmou que seu país "assume total responsabilidade pelos danos causados", como massacres a indígenas, a escravidão de milhões de africanos e bens saqueados.

"Temos que pagar os custos (pela escravidão). Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso", declarou.

Na conversa, no entanto, o presidente português não especificou de que forma a reparação será feita.

É a primeira vez que um presidente de Portugal -- que é o chefe de Estado no país -- reconhece a culpa. No ano passado, Rebelo de Sousa disse que Portugal deveria se desculpar pela escravidão transatlântica e pelo colonialismo, mas não chegou a pedir desculpas completas.

Já na noite de terça-feira, ele alegou que reconhecer o passado e assumir a responsabilidade por ele era mais importante do que pedir desculpas.

"Pedir desculpas é a parte mais fácil", disse ele.

Portugal foi o país que mais traficou africanos na era colonial. Foram quase 6 milhões deles, quase a metade do total de pessoas escravizadas à época pelos países europeus.

Até hoje, no entanto, autoridades do país falam pouco do crime, e as escolas também quase não abordam o papel de Portugal na escravidão transatlântica.

Presidente de Portugal diz que país deve pagar preço pela escravidão e crimes coloniais
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